sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Doidice Aguda

O avc do meu avó levou que a minha mãe ficasse em estado de extrema ansiedade e por isso mais louca que o normal. A minha avó que sempre a conheci mais calada do que a falar começo a perceber agora que aquela cabeça também não está nada bem, é verdade que ela não ouve metade do que a gente diz mas que a mulher ache normal o homem estar a morrer em casa e não dizer a ninguém isso passa um pouco o limite da sanidade (porque o meu avô teve o avc a uma sexta e só no domingo é que um vizinho se apercebeu). O meu avô é o que tem mais desculpas para estar doido e está, apesar de falar fluentemente e não ter ficado com a fala apanhada não diz muitas coisas com sentido. A minha tia que "fingiu" estar doente porque o avc do meu avó tirou-lhe as atenções do meu tio e eu que se não era doida, de certeza que agora vou ficar. Como eu acho que já era e utilizando a parte racional que ainda me resta penso que a coisa agora piora. Conclusão está tudo doido e só tende a piorar. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Estou em Lisboa

Estou em Lisboa. Voltei para Lisboa, supostamente é uma coisa temporária mas sabe-se lá o que o tempo me reserva. Ainda no domingo estava eu descansada da vida quando me ligam a dizer que o meu avô (materno) teve um AVC. E hoje estou em lisboa em casa da minha avó para ela não ficar sozinha. Estou a tentar abstrair-me do som altissimo da televisão (a avó é surda), estou a tentar relativizar que não tenho as minhas coisas nem os meus animais, estou a minimizar o facto de não ter internet (escrito no word e só depois colocado aqui). Estou por baixo do antigo quarto dos meus pais, da minha antiga casa. Estou sentada na cama a tentar escrever o meu trabalho final da pós graduação e oiço por cima de mim uma bébé a chorar (desejo que não chore durante à noite), oiço passos desenfreados, oiço as motas na rua, oiço as minhas dores e penso no meu avô sozinho no hospital sabe-se lá como. O coração aperta um bocadinho e engolo em seco mesmo com a garganta inflamada e cheia de dores.
Estou em Lisboa sei lá por quanto tempo, deixei a minha relação em pausa, deixei a ginástica que tinha começado à pouco tempo, deixei a minha rotina, deixei o passado lá. É que as coisas mudaram, ainda não sei como mas mudaram e dificilmente vão voltar a ser iguais.



Escrito dia 13/10/2015 as 21h48