terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O que for será-1

No dia 18 deste mês (novembro) encontrei aquilo que acho que ninguém quer encontrar. Enquanto tomava banho reparei num caroço, nodulo (rais ta parta o que lhe quiserem chamar) na axila esquerda. Em menos de um minuto na minha cabeça estava uma sirene que gritava CANCRO DA MAMA, CANCRO DA MAMA, CANCRO DA MAMA. Vi-a se no espelho e sentia uma leve impressão. Podia ser um simples pêlo encravado, podia ser milhetas coisas mas só uma me passava pela cabeça. De repente dei por mim a pensar o que tinha feito de mal, será que foi a depilação? será que foi do desodorizante? será que é do soutien? De repente comecei a pensar que se calhar era o principio do fim (sim sou um bocado dramática, quem não gosta pode ir embora). Pensei nas minhas escolhas se eram as corretas e se estava aproveitar a vida. Como o poder da mente é estrondoso quando fui dormir tinha dores ligeiras em toda a mama esquerda. Será que é da posição de dormir? (dormo sempre de barriga para baixo).

No dia 19 marquei uma consulta no médico, arranjando vaga apenas para dia 1 de dezembro. Achei que não ia aguentar tanto, como é que podia viver tanto tempo na incerteza. Será que mexo? Não mexas pode fazer pior. Penso no que fazer, se desistir de todo e ir curtir a vida, se continuo a fazer as coisas que faço. De repente o mundo não é igual, olho para as coisas mais demoradamente para ter a certeza que não me vou esquecer. Penso em mim com o cabelo rapado. Cada vez que oiço a palavra cancro engolo em seco.

No dia 20 pôs no google "caroço na axila" e depois cliquei nas imagens (péssima ideia), achei que ia enlouquecer por esta ignorância.  O simples e automático gesto de por desodorizante deixa de ser simples e automático. Peguei nele e tinha o braço no ar e quando ia por pensei será que devo por? pôs. Pensei em dirigir-me as urgências, tentei lembrar-me se conhecia algum médico ou enfermeiro que me pudesse ver. Dirigi-me a um centro de saúde aqui perto, pedi para falar com o enfermeiro. Tive que me encher de forças para não chorar enquanto lhe disse "tenho um caroço na axila". Ele diz-me que tenho que marcar consulta com o médico. Pergunto-lhe se pode pelo menos ver. Ele vê, diz que parece um pêlo encravado que está muito superficial e não está vermelho. Diz-me para por uma pomada e vigiar o tamanho. Fiquei mais descansada, alguém que supostamente sabe minimamente do assunto diz que parece um pêlo encravado. Fico feliz. Apesar de tudo a sensação é que ando com um termómetro debaixo do braço. 

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