quarta-feira, 13 de abril de 2016

O Insistema Nacional de Saúde

Nunca foi muito fã do sistema nacional de saúde, a minha experiência lá não era boa mas sabia que não podia falar muito, era uma sortuda se fosse ao hospital uma vez por ano era muito. Desde que o meu avô ficou doente é que a coisa mudou e passei a estar em hospitais numa média de duas vez por mês. Passei também a conhecer melhor a realidade dos hospitais e como o avô já passou por alguns deu-me a possibilidade de comparar e perceber as fragilidades de cada um.

Muito sinceramente daquilo que vi até agora, 80% dos profissionais de saúde fazem o melhor que podem. Acho até que o pessoal auxiliar e de enfermagem faz muito mais que médicos que raramente os vejo. Até agora conheci profissionais excelentes, com uma paciência gigante e uma vontade enorme de fazer o melhor. Trabalham que se desunham, fazem turnos extras sem receber, correm de um lado para outro para chegar a todo lado, fazem o trabalho que ninguém quer fazer e por norma são eles que ouvem as queixas.

Em termos de instalações, existe diferenças entre hospitais mas qualquer um me pareceu muito mau na zona das urgências mas relativamente bom na zona da enfermaria. As salas de espera para a triagem são ridiculamente pequenas. Em termos de equipamentos, o que me deu a entender foi que muitas vezes eles não têm, ou seja têm poucos equipamentos e utensílios para a quantidade de pessoas que atendem (e isto vi também no privado).

Agora a pior parte realmente parece-me a gestão. Eu não faço ideia de como gerir um hospital, nem sei quem faz a gerência disso não sei se cada hospital tem uma gestão de base por parte do ministério e depois tem um gestor interno ou se cada hospital é gerido individualmente. Em todos os hospitais onde estive vi problemas de gestão. Então não é que se transfere um doente de um hospital para outro e não vai a informação do que fez, e que medicamentos tomou. O processo de um doente devia, na minha perspectiva, acompanhar o doente independentemente do hospital onde se encontra. Dão a entender que a família devia saber tudo o que o fazem ao paciente e que medicamentos ele toma, ora se querem assim então que haja alguém para informar a família. Quantas não foram as vezes que cheguei ao hospital e o meu avô não estava na cama porque foi fazer um exame ou algo assim. E em medicação, então isso seria de loucos acho que nem eles sabem bem o que dão quanto mais conseguirem dizer a família "olhe ele tomou 2 comprimidos para a tensão, 1 para a diabetes, ontem fez febre e tomou outro, amanhã tem que fazer um exame e por isso vai ter de tomar outro". Isto não cabe na cabeça de ninguém é que muitas vezes nem existem pessoas disponíveis para falar connosco no tempo da visita. Depois outro problema é que cada vez que conseguem falar com alguém é uma pessoa diferente que não sabe metade das coisas porque só lhe foi passado o processo hoje, anda o processo a passar de mãos em mãos sem ninguém perder muito tempo com aquilo.

Muito sinceramente surpreende-me não aparecer mais vezes nas noticias casos de pessoas que morreram por falta de atendimento ou por este ser inadequado. Toda esta situação é embaraçosa, temos os melhores profissionais de saúde, temos instalações razoáveis, temos gestores de topo, temos conhecimento, temos investigação e depois no dia-a-dia de uma urgência o que se vê em resultado disto é muito pouco. 

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