domingo, 17 de janeiro de 2016

Sair de casa...#1

Lembro-me perfeitamente de estar sentada numa aula de português do 9º ano e dizer a minha melhor amiga da altura, sentada na mesma mesa que eu, "aos 18 vou sair de casa". Tenho 26 e ainda moro com os meus pais. Aos 18 lembrava-me do que tinha dito mas não trabalhava e as coisas em casa já não corriam tão mal e por isso fui deixando passar.

Entretanto arranjei namorado e com o avançar da relação fomos falando sobre morar juntos, portanto para mim era lógico que saísse de casa para morar com ele. Só que não trabalhávamos os dois e a coisa foi-se arrastando.

Só comecei a trabalhar a sério com 24 anos e foi quando pensei novamente em sair de casa, não aconteceu porque era um estágio profissional de um ano, percebi cedo que não iria ser prolongado e era perto de casa por isso achei melhor poupar o dinheiro daquele ano para mais tarde. 

Durante este tempo apercebo-me que namorado não vai sair de casa. Foi difícil, aliás ainda é difícil perceber como as coisas resultaram assim. Tentei equacionar viver com ele e os pais dele e apesar de adorar os meus sogros e não ter a mínima razão de queixa, não consigo. Acho e acredito no fundinho do meu coração que um casal precisa da sua privacidade mesmo que seja por pouco tempo. Acho que pensamos em tudo incluindo comprar uma caravana e por no terreno dele assim vivíamos sozinhos mas junto dos pais dele (ideia que não pareceu ter muita viabilidade). 

Aos 25 arranjo outro trabalho, um trabalho que cedo me pareceu mais seguro. Fiquei logo em pulgas para sair de casa, até tendo em conta que o trabalho é em Lisboa pensei que rapidamente voltava para lá e deixava o rapaz. O coração falou mais alto e continuo a morar no fim do mundo e a fazer 200 km todos os dias sem refilar o cansaço que dá. Continuava a querer sair de casa mas não indo viver para Lisboa não me parecia fazer sentido ir morar sozinha para um sitio perto do fim do mundo. Foi também aos 25 que coloco a mim mesma uma meta, na verdade coloquei-a ao namorado "tens dois anos para irmos morar juntos", ele ficou descansado tinha 2 anos para resolver o problema,  eu fiquei determinada a terminar com ele se isso não acontecesse. 

Já com 26, o meu avô tem um AVC e toda a família enlouquece, rapidamente fico fartinha de todo e de todos e com vontade de fugir. Fico determinadíssima a sair de casa nem que seja para o fundo da rua, falo com o namorado e o rapaz começa a sentir-se entre a espada e a parede. Os dois anos que tinha para resolver o problema de repente transformaram-se em 4 meses. Em maio faço 27 anos nunca estive tão determinada para sair de casa, já não penso em terminar a relação se não for viver com o meu namorado depois disto tudo consegui perceber, respeitar e aceitar os motivos dele mas se me perguntarem como vai ser, eu não vos sei responder. 

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