quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Porque é tão difícil subir??

Desde que me conheço que sempre pensei mal de mim ou melhor dos outros (que isto é tudo uma questão de perspectiva). Sempre me achei burra, feia, inútil basicamente que andava cá a fazer peso ao chão. No início fazia isto sem me aperceber do que era, era natural para mim, ninguém me disse que era errado pensar assim. Até que vieram pessoas dizer que não, que eu tinha valor, que era bonita, que não tinha que me comparar com ninguém, que sou uma pessoa nem mais nem menos que ninguém, tenho as minhas qualidades e os meus defeitos tal e qual como todos os outros. E nessa altura começou uma subida de auto-estima (vamos imaginar uma escada fina e velha mas muito muito comprida) e essa subida foi muito difícil mas mesmo muito difícil e foi feita aos poucos muito lentamente passando meses no mesmo degrau. Pois que volta e meia assim num piscar de olhos era ver-me cair por escadas abaixo. Tanto trabalho para subir e num estalar de dedos estava eu tão em baixo novamente. Às vezes passava dias a cair outras vezes era menos tempo, por alguma razão parava num degrau cá em baixo e deixava-me ali ficar o tempo que fosse preciso até arranjar forças para subir ou então deixava-me ficar só para não cair mais. Ficava ali sossegada, a curas as feridas, à espera que a dor passa-se. Depois passado de um tempo lá ia eu a medo subir mais um degrau. Hoje isto ainda acontece, volta meia sinto-me a cair só que agora já o reconheço e agora já tenho força para o parar antes de descer demasiado. Agora desço só um ou dois degraus e passo lá muito menos tempo porque tenho mais força para subir. Agora irrito-me por me deixar cair, porque muitas vezes sou eu que faço isso a mim mesma, sou eu que de repente começa a pensar "sou uma falhada, não faço nada de jeito". Agora irrito-me com esta facilidade com que posso cair quando sei tão bem o quão difícil foi cá chegar onde estou. Ainda há muito por onde subir, ainda há muito por fortalecer mas agora já sei que sou capaz...

6 comentários:

  1. Por vezes é ligeiramente arrepiante ler-te pois pareces que me estás a descrever. Este é um desses casos.

    Fico feliz que estejas a encontrar o teu valor, o teu lugar no mundo e que estejas a aprender a manter-te nas escadas e que não tenhas desistido. A verdade é que seria mais fácil não tentar mudar nada e aceitar as coisas como elas nos pareciam... mas que piada tinha a vida se não nos esforçássemos para o que queremos. Mesmo que nunca consigas atingir o topo saberás sempre que já alcançaste muito e quem já chegou ao meio já fez metade do caminho... agora desistir é que não pode ser, afinal não se pode desperdiçar tanto tempo e esforço investido :D

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    1. De uma forma muito egoísta fico agradecida por alguém perceber o que sinto (não desejo este sentimento nem ao meu pior inimigo). Por acaso uma das coisas que costumo pensar é que estou "sozinha" nisto, porque não vejo as outras pessoas a comportarem-se da mesma forma que eu.

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    2. Eu percebo-te mas é "bom" saber que não somos únicas porque também nos ajuda a sentir mais "normais". Por acaso, já encontrei algumas pessoas que são um pouco como eu (e tu) mas o que me parece é que há pessoas que disfarçam melhor que outras.
      Quando era adolescente acho que era muito transparente o facto de ser assim mas agora acho que quem não me conhece bem acha que sou muito segura e depois até se surpreendem e acham que qualquer coisa que eu exprima como um "medo" seja eu a "fingir".
      Por exemplo, ninguém acredita(va) em mim quando eu dizia que achava que não sabia nada e depois tirava uma boa nota [isto já na uni]... as pessoas achavam que eu estava a fingir ou que o dizia para não as ajudar ou vitimizar, etc. Mas, na realidade, eu acreditava (e acredito) tão pouco em mim que já entrei num exame a achar que ia reprovar, saí a achar que ia reprovar e quando vi a nota (18) nem queria acreditar. Depois começava a ouvir bocas e para não me chatear comecei a dizer que sabia "mais ou menos" mesmo quando me apetecia dizer "não sei nada, nada, nada!". Nesse tipo de coisas chegou a um ponto em que só desabafa mesmo com quem era meu amigo porque sabia que, para pessoas "de fora", parece que estou a ter um discurso para me fazer de coitadinha mas que na realidade sei que sei. E não é de todo assim - eu acho sempre que não sei nada, que vou reprovar, que vou tirar uma nota péssima, etc.
      Em contrapartida, em apresentações públicas sei que consigo parecer muito auto-confiante e segura quando na realidade só me apetece meter num buraco e quando ouço as pessoas dizerem "ela apresenta que está à vontade" só me apetece desaparecer dali.
      Se calhar até já te cruzaste com muitas pessoas assim como tu mas elas aprenderam a disfarçar?

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    3. Por acaso essa história fez-me lembrar uma amiga minha que saía das frequências a chorar porque não sabia tudo e depois tinha positiva. Acho que realmente há pessoas que sabem disfarçar melhor, eu nas entrevistas nem me reconheço pareço uma pessoa muito confiante e que sabe exatamente o que está ali a fazer. A adrenalina e o stress também depois contribuem para a nossa prestação. Por acaso também me dizem que sou boa a fazer apresentações apesar de eu não gostar nada.

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  2. Olá.
    O problema é essa mentalidade que se adopta quando um indivíduo está na fase da sua formação de consciência, sem perceber, sem saber que não se deve pensar assim. Eu, por exemplo, aqui há uns tempos achei que a sociedade (de interesse consumistas) estava a focar-se demasiado na aparência, transmitindo para as nossas crianças um único padrão de beleza que lhes causa ansiedade e prejudica a autoestima, pois algo tão genérico quanto a beleza não pode ser reduzido a um padrão singular. Seria o mesmo que não apreciar a natureza pelo seu todo e apontar apenas o oceano como o único elemento belo e de valor entre tudo o que demais existe. E ver crianças preocupadas com o aspecto do nariz, com a gordura, altura, com a aquisição do verniz nºx, da marca y, da cor da-moda não é, no meu entendimento, algo muito compatível com um crescimento saudável, focado no aspecto da valorização e qualidades pessoais.

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    1. É verdade que a "pressão" dos media e da sociedade também não ajuda a que as pessoas gostem de si pelo que são. Querem sempre ser iguais a .... Tem que se ensinar as crianças a pensar.

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