domingo, 8 de março de 2015

Carreira ou famíla

Um dia destes numa conversa uma rapariga um pouco mais velha que eu. Ela após o curso conseguiu trabalho em Lisboa mas desde sempre procurou mais perto da casa dos pais (aqui perto do fim do mundo) e ao fim de três anos consegui trabalho mais próximo e ela dizia-me "sabes quando uma pessoa escolhe um trabalho ao pé do campo está a colocar a família em frente a carreira". Percebi o que ela dizia, aqui não se vive para o trabalho, não existe as correrias e as pressões. Claro que isto não significa que as pessoas aqui não tenham uma "carreira" simplesmente as coisas são diferentes e as pessoas tem que perceber que é diferente e fazer a sua escolha. Estes últimos dias deixaram-me muito em que pensar, a entrevista e a conferência fizeram me repensar várias coisas e num sentido muito semi-prático percebi o que ela me dizia.

Se me aceitarem para trabalhar será em Lisboa, vou deixar de ter vida, nem se quer sei como vou namorar. Imagino-me a mudar de umas empresas para as outras subindo de posto ou mudando de atividade mas sempre na mesma zona geográfica. Imagino-me a viver sozinha em Lisboa e a passear feita turista aos fins de semana. Imagino-me a ganhar pouco pelo meu esforço e a competição a que vou estar exposta. Imagino-me a ir de férias para fora e que os meus amigos são um grupo de viciados no trabalho. Imagino-me a visitar museus e a ir a espectáculos, a falar com pessoas interessantes e até quem sabe fazer o doutoramento

Se ficar por aqui, talvez arranje qualquer coisa a menos de 1h de casa. Imagino um trabalho quase para a vida que só acaba se a empresa falir ou se me quiser vir embora. Imagino-me a namorar com a mesma pessoa muito tempo até ter filhos. Imagino-me a viver numa casa pequena cheia de humidade e com a relva por cortar. Imagino-me a ir de férias para o Algarve e ter um grupo de amigos que trabalha na agricultura. Imagino-me a ganhar razoavelmente para aquilo que faço porque as vezes não se faz muito. Imagino-me a ir a feiras de enchidos e aos mini-concertos das festas das freguesias. Imagino-me a falar com pessoas com histórias de vida fascinantes e a fazer as formações obrigatórias da empresa.

Ninguém me garante que a coisa não possa ser o melhor de cada, o pior dos dois ou até nenhum dos dois. Como neste momento não tenho que fazer esta escolha resta-me esperar que aconteça o que for melhor seja o que isso for

3 comentários:

  1. Fosses da minha zona e poderias estar a relatar uma conversa que tive esta semana com 2 colegas :)

    Neste caso escolher entre o amor/família e profissão: uma dizia que não se imaginava a ir para longe sem o namorado enquanto a outra afirmava que primeiro na vida dela estava a carreira.

    Nestes casos não acho que haja certo ou errado, simplesmente nós ou nos vemos numa situação ou na outra e, por vezes, até podemos escolher uma e sair-nos um pouco da outra.

    No meu caso é um misto dos dois. Não irei recusar nenhuma proposta irrecusável de trabalho, se for uma boa oportunidade na minha área é para a agarrar (afinal é para isso que ando a gastar dinheiro) mas o R. e o B. vêm comigo. Seja para Lisboa, seja para Inglaterra, Canada ou até Nova Zelândia (mas isto já foi decidido desde que entrei para a uni). Seja onde for, as oportunidades serão para ser aproveitadas (espero é vir a tê-las).

    Ps: dando um exemplo duma professora minha: acabou a uni e conseguiu logo um trabalho numa espécie de fim do mundo também, é de facto um trabalho para a vida e ela entrou logo para um dos cargos de topo da instituição. Disse-nos que se sentia a ficar burra lá e que decidiu então tirar doutoramento. Continuou sempre a trabalhar no fim do mundo e agora também dá aulas numa uni do Porto (o que a faz andar sempre de um lado para o outro, sem tempo para nada). A vida dela acaba por ser uma mistura entre as duas variáveis que apresentaste.

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    1. Ainda bem que o teu marido tem essa facilidade de poder mudar-se eu sei que o meu namorado não terá se for necessário. Acho que na vida existem tempos para tudo se agora fosse obrigada a escolher escolheria a carreira mas espero poder conciliar sempre o melhor dos dois mundos.

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    2. Eu percebo :)
      O meu marido tem facilidade só dentro da Europa e mesmo assim não para todos os países, no entanto, se a oportunidade valer a pena (para a minha carreira) ele está disposto a ir comigo. Ele pode trabalhar na área dele basicamente em qualquer local do mundo, por isso, ele não se importa :)

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