domingo, 3 de fevereiro de 2013

As outras pessoas

Onde moro actualmente não é o meu local de origem, estou cá já a algum tempo. Antes morava na cidade e agora moro no campo as diferenças são muitas mas hoje venho falar de algo que muito me marcou. Quando aqui cheguei era jovem adolescente, não pensei muito sobre como ia conhecer pessoas principalmente da minha idade. A verdade é que num curto espaço de tempo percebi que não era bem vinda, até agora não percebo porque. Parecia que eu estava a invadir algo que já tinha dono. Fui várias vezes gozada e hostilizada por pessoas com idades parecidas com a minha. Fiz amigos facilmente mas de outras freguesias perto da onde moro. Aqui sempre me viram como uma espécie de E.T. Tive um acidente de carro, nada de grave,  aqui e só uma pessoa me ajudou, voltou atrás e ofereceu-me ajuda outro ficou sentado na sua mota a rir-se. Não estou a dizer que tinham obrigação de me ajudar, nada disso e agradeço muito terem-no feito mas o que recordo mais desse dia nem é o facto de ter tido um acidente é sim aquele rapaz em cima da mota a rir enquanto os outros me ajudavam. Não sou pior nem melhor que ninguém e faz me confusão que muita gente se ache superior. Aqui não fiz mal a ninguém, percebo que se calhar tenha sido muitas vezes mal interpretada mas isso foi por estar habituada a outro tipo de sociedade. Explicando, na cidade não passamos pelas pessoas que não conhecemos e dizemos bom dia, aqui na aldeia é algo obrigatório quem passa diz sempre bom dia mesmo que não se conheça a pessoa de lado nenhum. Pois eu não sabia disso e foram várias as vezes que não cumprimentei quem passou por mim. Gosto de passar despercebida e não me dei a conhecer mas preferia ser ignorada a ser gozada. As outras pessoas (onde estamos todos incluídos) julgam, criticam e fazem coisas que não gostam de ser vitimas. Não dou facilmente confiança e se a dou e me fazem mal depois é quase impossível voltarem a ter a minha confiança. Quando cá cheguei receberam-me mal e depois destes anos todos ainda não tenho nenhum amigo na freguesia, nenhum deles o quis e depois do que passei não me parece que fosse um processo fácil. Certas coisas não se esquecem e apesar de saber perdoar é preciso que o outro tenha noção dos seus erros e que não os cometa novamente.

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