quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Murro no peito

Depois de um susto que foi altamente exponenciado pelos meus maus pensamentos soube ontem que uma pessoa, que é recente na minha vida mas, que me tem dado imenso carinho e força tem cancro de mama. Hoje estive com ela e apesar de saber que é um poço de força, digo-vos que fiquei profundamente desiludida com os meus maus pensamentos. Ela estava a falar das 3 biopsias que fez ontem, de como foi todo o processo (3 semanas por isso muito rápido) desde que o descobriu até estar praticamente pronta para fazer quimioterapia, ela estava a falar de todo um processo horrível de carradas de exames como se estivesse a falar de uma unha encravada. Só me dizia "Olha Milka isto apareceu à minha porta e eu não o posso entregar a ninguém. Os meus filhos precisam de comer por isso tenho continuar a viver" e uma frase que me ficou "Se isto se alimenta de tristeza e de maus pensamentos, não sou eu que lhe vou dar de comer." Passou a tarde a receber telefonas de familiares sempre que desligava dizia "olha-me isto, quer dizer que é que estou doente e eu é que tenho que dar força às pessoas. Em vez de me animarem tão com aquela voz de enterro só a dizer coitadinha".

Eu já sabia que a força do pensamento muda muito à nossa vida, vi isso na minha. Mas fico completamente embasbacada como é que alguém consegue estar "tão" bem ao saber que tem cancro da mama. É aparência dizem vocês. Até pode ser mas se fosse eu iria aparentar uma mulher destruída. Ela disse mesmo que "é claro que é horrível, é claro que já me fartei de chorar, é claro que pensas nas coisas que podem acontecer e na volta tão brusca que a tua vida deu mas isso adianta-me de quê? eu tenho é que pensar em ficar boa, em fazer tudo o possível para melhorar, ficar a chorar no que já aconteceu não vai mudar nada."

A mim resta-me desejar-lhe imensa sorte e retirar disto tudo uma enorme lição de força.

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